EMENTA - Requer à Mesa Diretora a instalação da CPI dos Desabrigados

 

 

Os Vereadores este subscrevem, com amparo no art. 57 do Regimento Interno da Câmara Municipal de Niterói combinado com Lei Federal no 1.579 de 18 de março de1952, e, subsidiariamente, ao Código de Processo Penal, REQUEREM a constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o conjunto de suspeitas de irregularidades relacionadas com as intervenções, ações e políticas públicas municipais implementadas a partir das consequências da tragédia das chuvas de 2010 em Niterói.

 

Sala das Sessões, em 13/agosto de 2013

 

 

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HENR IQUE VIEIRA

Vereador

 

JUSTIFICATIVA:

 

Segundo a Sessão III do Capítulo III do Regimento Interno da Câmara Municipal de Niterói, as “comissões parlamentares de inquérito destinam-se a apurar ou investigar por prazo certo, fato determinado que se inclua na competência da Câmara Municipal”. Na história recente da cidade de Niterói, não há fato mais relevante do que a tragédia de abril de 2010. Adicionalmente, os fatos e matérias investigativas anexadas a este requerimento são de extrema relevância, sendo em si justificativa para protocolamento da abertura desta CPI.

 

O objeto geral de investigação desta CPI são as consequências posteriores sofridas pelos desabrigados da tragédia de 2010, no tratamento de possíveis soluções, sejam emergenciais (abrigos), como estruturais (moradias).

 

Inúmeras denúncias, muitas apuradas pela Comissão de Meio Ambiente desta Câmara Municipal, tornaram-se inclusive de conhecimento público, através de divulgação pelas redes sociais, e especialmente, por diversos veículos de comunicação e imprensa. Assim, esta CPI também se justifica na medida em que se faz necessário apurar as causas e soluções das diversas denúncias recebidas, as quais serão listadas no conjunto desta justificativa e em seus anexos.

 

Há cerca de três anos ocorreu, na madrugada de 5 de abril de 2010, o episódio que ficou conhecido na história de Niterói como a Tragédia do Bumba. Este é o nome da localidade que concentrou o maior número de vítimas dos desabamentos e deslizamentos que afetaram diversos pontos da cidade, a maioria em favelas da Zona Norte e do Centro, naquela ocasião. Ao todo, mais de 170 pessoas morreram. Até hoje há desaparecidos. Segundo o Plano Local de Habitação de Interesse Social (Plhis) o déficit estimado em 20 mil moradias.

Houve demora na resposta emergencial do poder público municipal e do estadual em atender às necessidades dos sobreviventes. Cerca de duas mil pessoas foram, então, às ruas em passeata cobrar providências imediatas.

O ato de protesto uniu em uma corrente de solidariedade os sobreviventes a moradores da cidade de Sul a Norte e de todas as classes sociais. A partir da mobilização social e da consequente pressão da mídia local, regional, nacional e até internacional, o poder público começou a agir na distribuição, ainda que precária, com atrasos e com denúncias de irregularidades, do aluguel social para as vítimas da tragédia.

 

Em abril de 2010, a Prefeitura de Niterói abrigou em dois antigos quartéis das Forças Armadas, desativados e localizados na periferia, em caráter “emergencial e provisório”, cerca de mil desses sobreviventes. Foi o maior desastre socioambiental que o município já enfrentou em sua história durante uma temporada de chuvas.

 

Para além de todo o triste histórico de três anos de desrespeito aos direitos dos sobreviventes do Bumba, o que chama a atenção do Poder Legislativo Municipal neste momento é o quadro atual de crise atendimento básico dessas pessoas.

 

Reportagens publicadas recentemente no Globo Niterói e no Dia mostram que estamos longe disso. O Mandato do Vereador Henrique Vieira (PSOL), em conjunto com o mandato do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), deu entrada, inclusive, em representação no Ministério Público (4/3/13), para garantir investigação e providências imediatas no que é de competência do poder público estadual.

 

A representação cobra iniciativas do MP em relação à situação de risco de parte dos desabrigados que foi transferida para apartamentos sem piso, sem janelas, com infiltrações, em prédios ao pé de uma encosta sem contenção, em Viçoso Jardim.

 

Também são pedidas ao MP providências para prevenir que a mesma situação se repita com os desabrigados que estão no 3º BI há três anos, em condições degradantes, e que estão com mudança prevista para abril para outro conjunto ainda em construção no Morro do Castro. Vamos acompanhar de perto esse processo.

 

Mas há muitas perguntas que se referem à responsabilidade do Poder Executivo municipal de Niterói que precisam de respostas claras e urgentes em relação ao quadro atual. A um mês do aniversário de três anos do episódio, a Prefeitura mantém ainda 80 famílias, cerca de 300 pessoas, metade delas crianças e adolescentes, num desses abrigos, o 3º BI, em Venda da Cruz, São Gonçalo. O outro quartel, o 4º G.Cam, foi fechado.

 

Em visita realizada em 2/3/2013, o vereador Henrique Vieira (PSOL), presidente da Comissão de Meio Ambiente, constatou que os sobreviventes da Tragédia do Bumba enfrentam uma tragédia continuada.

 

Ele constatou as graves e desumanas condições em que são mantidos os desabrigados no 3ª BI. Em 5/3, acompanhado de assessores, Henrique Vieira voltou ao abrigo com os vereadores Renatinho, presidente da Comissão de Direitos Humanos, e o vereador Paulo Eduardo Gomes, presidente da Comissão de Saúde, da Câmara Municipal de Niterói.

 

O grupo verificou que as famílias são mantidas em condições bastante precárias de higiene. Vivem em três blocos com alojamentos improvisados, separados com pranchas de madeiras, identificados por números, em alas servidas por banheiros coletivos. Por toda parte se observam goteiras e infiltrações. Os alojamentos térreos de um dos blocos, quando chove, são invadidos por esgoto in natura, que emerge de um valão a céu aberto. O forte odor fétido é

constante nessa ala do abrigo.

 

Há denúncias de diversos casos de hepatite, pneumonia, e de pelo menos um caso de tuberculose entre os abrigados no 3º BI, entre outras doenças virais, bacterianas etc. Outro risco evidente para a saúde dos moradores é a convivência com ratazanas. Um desses animais foi visto por um dos assessores de Henrique Vieira na visita do sábado num dos banheiros de um dos blocos.

 

O grau de degradação do ambiente no 3º BI é notório após de três anos de permanência "provisória" e “emergencial” daquelas pessoas ali. Há queixas da piora nos serviços de segurança, limpeza e alimentação. Neste último caso, houve, segundo vários moradores, o corte do pão que era servido como lanche, e o almoço chega em quentinhas muitas vezes já azedo.

A situação no 3º BI piora a cada forte chuva. A declaração de uma sobrevivente resume a condição das famílias: "Estamos desabrigados dentro do abrigo". Encontramos as pessoas arrastando água de dentro dos alojamentos e dos corredores na última visita.

 

Chama a atenção o esforço das famílias que com o tempo tentaram dar um caráter de "lar" aos alojamentos e que ontem entraram em desespero ao ver os poucos pertences como móveis e colchões destruídos pela água da chuva, numa repetição do que sofreram na tragédia de três anos atrás.

 

Diante de tais circunstâncias, cabe ao nosso mandato requerer a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar, entre outras questões:

 

1. As circunstâncias e as condições em que os sobreviventes são mantidos no BI;

 

2. Que contratos com a Prefeitura e por meio de quais prestadoras de serviço foram

realizados;

 

3. Como se deram os processos de contratação; quais os custos envolvidos; como se dá

a fiscalização da prestação dos serviços; como é feita a prestação de contas relacionada a

esses custos; qual o porquê das condições indignas apresentadas no local.

 

Caberá à CPI apurar ainda as responsabilidades por esse quadro de grave violação dos

direitos destes cidadãos.

 

 

 

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HENRIQUE VEIRA (Proponente)                                                                             VEREADOR 2

 

 

 

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VEREADOR 3                                                                                                    VEREADOR 4

 

 

 

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VEREADOR 5                                                                                                    VEREADOR 6

 

 

 

 

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VEREADOR 7                                                                                                    VEREADOR 8

 

 

 

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VEREADOR 8                                                                                                    VEREADOR 9

 

 

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VEREADOR 10                                                                                                 VEREADOR 11

 

 

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VEREADOR 12                                                                                                 VEREADOR 13

 

 

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VEREADOR 14                                                                                                 VEREADOR 15

 

 

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VEREADOR 15                                                                                                 VEREADOR 16

 

 

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VEREADOR 17                                                                                                 VEREADOR 18

 

 

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VEREADOR 19                                                                                                 VEREADOR 20

 

 

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VEREADOR 21